"Cubo de Água" e "Ninho de Pássaro" quase sem competições

<p>Um ano depois dos Jogos Olímpicos Pequim2008, o "Cubo de Água", onde o nadador norte-americano Michael Phelps fez história, tornou-se apenas uma piscina pública e o simbólico "Ninho de Pássaro", o Estádio Olímpico, deixou de ser utilizado para competições.</p>
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"Para a China, as instalações deviam, antes de tudo, de servir para acolher um momento capital para [promover] o seu prestígio mundial, que ia para além da economia", disse à agência AFP Seth Grossman, director-executivo para o Leste da China da agência de comunicação Carat.

Os estádios, ginásios e o velódromo utilizados em Pequim2008, alguns totalmente novos, foram projectados para "reflectir o prestígio do Estado" chinês, considerou.

Apesar de não terem sido concebidos como projectos rentáveis a longo prazo, o valor imobiliário dos equipamentos que receberam os Jogos Olímpicos da capital chinesa é suficientemente elevado para motivar especulações sobre o seu uso.

Conhecido como "Ninho do Pássaro", devido ao entrelaçado da sua arquitectura exterior, o Estádio Olímpico, palco do triunfo do atleta português Nelson Évora no concurso do triplo salto, tem estado aberto a visitas do público, mas não acolhe qualquer competição desde os Jogos Paralímpicos, que se disputaram imediatamente após os Jogos Olímpicos.

Com capacidade para 80 000 espectadores, o estádio recebe sábado a sua primeira competição oficial desde então, sendo palco do jogo da Supertaça italiana de futebol, entre o Inter de Milão e a Lazio de Roma, precisamente no dia em que completa um ano sobre a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos.

As entidades chinesas pretendem reservar um destino de luxo para o "Ninho de Pássaro", apenas permitindo que ali tenham lugar competições de prestígio e concertos musicais - as competições locais de futebol ficam excluídas.

"O seu grande problema é o tamanho. Com menos de 80 000 espectadores o estádio parece vazio", comentou Greg Paull, responsável da R3, uma sociedade de consultoria com sede em Pequim.

No "Cubo de Água" assiste-se a um fluxo constante de visitantes, estando a sua piscina de formação aberta a um público que queira pagar um pouco mais, mas as competições recebidas contam-se pelos dedos de uma mão.

Para alguns, Pequim pretende manter imaculada a imagem desses espaços de prestígio reencontrado, especialmente na memória dos chineses.

"A preocupação [da China] é assegurar que as instalações olímpicas mantenham a imagem de sucesso Jogos de Pequim", refere Paul Renner, presidente da Helios Partners China, uma sociedade de consultoria especializada em marketing desportivo.

Para algumas instalações a transição para a era pós olímpica foi, porém, bem sucedida.

O palácio polidesportivo Wukesong, por exemplo, vai receber concertos e é fundamental na estratégia de expansão na China da Liga Norte-americana de Basquetebol Profissional (NBA): em Outubro vai acolher os treinos e um jogo de pré-temporada da NBA entre os Denver Nuggets e os Indiana Pacers.

O Estádio dos Trabalhadores, completamente renovado para os Jogos Olímpicos, tem vindo também a ser utilizado, tendo acolhido em Julho vários jogos particulares de futebol com equipas inglesas.

Segundo os observadores, o "Ninho de Pássaros" também poderá, no futuro, conhecer procura, embora Pequim não deva escapar ao sindroma enfrentado por muitas cidade olímpicas, de que Atenas se revelou o pior exemplo.

"Normalmente, nas cidades onde o desporto está enraizado na cultura popular a transição para a era pós-olímpica tem sido melhor sucedida", afirmou Greg Paull, apontando os exemplos de Sydney, Atlanta e Los Angeles.

Paul Renner, por seu turno, defende que o Comité Olímpico Internacional (COI) tem de prestar mais atenção a este problema quando atribui a organização dos Jogos a uma cidade, "sobretudo devido às cada vez maiores inquietações sobre a viabilidade" futura das infra-estruturas.

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